Mario Sergio T. Freitas, Dr.
Contribuições ao site EPOD (USRA/NASA) - Versão em português das breves legendas que acompanham os trabalhos de fotografia artística publicados desde 2007 como "Imagem de Ciências da Terra do Dia" (Earth Science Picture of the Day), página de internet sobre divulgação científica mantida pela USRA e subvencionada pela NASA.
(fonte do texto acima, trad. Mário Freitas)
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LISTA DE CONTRIBUIÇÕES PARA O EPOD POR MARIO SERGIO FREITAS
* Clicando sobre as datas de publicação, você acessa as páginas com o original de cada versão.
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Qual a Cor dos Mares da Lua?
(publicado em 14/nov/2022)

A foto acima mostrando a lua crescente foi tirada em uma tarde ensolarada perto de Curitiba, Brasil. Áreas brilhantes da crosta lunar correspondem a terras altas, enquanto as mais escuras são planícies basálticas, chamadas pelos primeiros astrônomos de “maria”, a palavra latina para mares.
Como podemos ver na foto, em plena luz do dia os mares de basalto exibem um tom de azul devido à atmosfera da Terra, sendo apenas um pouco mais brilhante que a porção da Lua que não é iluminada pelo Sol. As terras altas lunares são brilhantes o suficiente para aparecer esbranquiçadas nas fotos. Esse contraste sutil aumenta quando a Lua é observada em um céu noturno.
A imagem anotada abaixo dá os nomes de algumas famosas crateras e mares lunares, entre eles o Mar da Tranquilidade, o primeiro local em outro mundo visitado por seres humanos. Foto tirada em 15 de maio de 2016.

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Miragem Inferior na Laguna de Veneza
(publicado em 17/fev/2022)

A foto acima foi tirada durante um passeio de barco pela Laguna de Veneza e mostra um intrigante efeito óptico, visível no horizonte sul. A incidência de luz solar fez com que o ar próximo à superfície da água ficasse mais quente e menos denso que as camadas de ar acima. Essa descontinuidade no índice de refração do ar forçou os raios de luz de baixo ângulo a se curvarem para cima, dando origem à ilusão de massas flutuantes acima do nível da laguna. Tal fenômeno caracteriza uma miragem inferior. É importante mencionar que a linha do horizonte real está ausente neste campo de visão, tornando invisível a base das ilhas e criando o que é chamado de linha de fuga. Foto tirada em 27 de julho de 2017.
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Mudanças na paisagem de Istambul da Manhã à Tarde
(publicado em 13/jul/2020)

Os efeitos da luz do dia sobre o campo de visão dependem fortemente do ângulo de incidência dos raios solares em relação ao observador. Acima vemos um par de imagens que retratam a famosa ilhota onde se encontra a Torre da Donzela em Istambul, Turquia. Ambas as fotos foram tiradas de frente para leste, mas em horários diferentes do mesmo dia, no início da Primavera, durante um cruzeiro que fiz através no Estreito de Bósforo.
Na luz do sol da manhã, fui ofuscado cego por raios de sol brilhantes que refletiam a água ondulada. Os raios também foram refratados pelas ondulações, mas essa contribuição é fraca. A torre mostra uma silhueta de baixo contraste contra a costa asiática do Bósforo, quase como uma imagem monocromática.
Quando passamos perto do mesmo ponto 6 horas mais tarde, os raios de sol da tarde e os seus reflexos vinham do céu ocidental, nas minhas costas. Agora, os raios refratados, sofrendo espalhamento de Rayleigh, fazem a água aparecer em tons de azul profundo. As sombras nas paredes da torre permitem uma melhor visão do seu estilo arquitetônico.
A Torre da Donzela original (Kız Kulesi em turco) data da era bizantina medieval, cerca de 340 AC. Foi destruída e reconstruída várias vezes durante a sua longa história, o que envolve uma série de lendas clássicas. Atualmente, a torre abriga um museu e um café com vista panorâmica sobre o Bósforo. Fotos tiradas a 31 de Março de 2006.
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O Tempo e o Clima de Curitiba, Brasil
(publicado em 30/dez/2019)

Na paisagem acima, uma cobertura de nuvens escuras coexiste simultaneamente com edifícios iluminados pelo sol e uma área arborizada, lembrando algumas pinturas paradoxais de René Magritte. Não tive mais do que alguns minutos para tirar a foto, enquanto o tempo chuvoso intermitente que persistiu por dois dias foi subitamente substituído por um luminoso céu azul.
De acordo com o mapa continental da classificação climática de Köppen-Geigen, minha cidade natal, Curitiba, no sul do Brasil, é cercada por uma região com clima "marine west coast climate" (Cfb). A cidade fica em um planalto de 930 m, a aproximadamente 100 km da costa do Atlântico Sul.
Essa categoria de clima temperado resulta de massas de ar provenientes do oceano. Os padrões climáticos carecem de frentes muito quentes e muito frias e garantem a ausência de uma estação seca prolongada. Embora sua ocorrência no território brasileiro seja reduzida a uma faixa estreita, existem bolsões significativos em vários países da América do Sul, bem como em outros continentes, incluindo a região Noroeste do Pacífico dos Estados Unidos, a costa do Pacífico do Canadá e a maior parte da Europa ocidental.
A precipitação é uniformemente dispersa ao longo do ano, embora em Curitiba tenhamos mais dias ensolarados do que dias sem sol. Além disso, condições frequentes de instabilidade atmosférica proporcionam mudanças drásticas como a mostrada na foto. Observe as muitas copas de pinheiros do Paraná (Araucaria angustifolia), uma espécie nativa considerada ameaçada, incluindo o par no horizonte distante.
Foto tirada em 25 de novembro de 2019. Veja também o EPOD de 2 de novembro de 2014.
(NOTA DO TRADUTOR: A tradução de "weather" e "climate" para "tempo" e "clima" não é exata, mas mostra a diferença entre o comportamento em prazo de poucos dias, ou mesmo horas, e o comportamento em longos períodos de tempo.)
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Janela de aeronave com padrão circular de gelo em orifício de respiração
(publicado em 14/out/2019)

Durante um voo sobre o sudeste do Brasil , a formação de gelo mostrada na janela da cabine na foto acima me lembrou um antigo EPOD referente ao mesmo fenômeno. O que me deixou curioso neste caso foi a simetria quase circular do padrão geométrico. Observa-se frequentemente que cristais de gelo e gotículas de água crescem nas janelas do avião, que normalmente consiste em três painéis de acrílico paralelos . Na foto, meu padrão está centrado em um pequeno orifício no painel do meio. Esse buraco é uma exigência da engenharia da aeronave.
De acordo com os dados de voo no momento em que a foto foi tirada, o ar da cabine estava na temperatura confortável de +70 F (21 C), enquanto fora era de -72 F (-58 C), a uma altitude de 38.000 pés (11.582 m). Além disso, a pressão atmosférica em tais condições atinge quase 3,0 psi. Respirar uma baixa taxa de oxigênio, como acontece com os alpinistas , pode provocar lesões relevantes no cérebro. Portanto, os sistemas de pressurização são projetados para manter a pressão da cabine entre 11,0 e 12,0 psi, não tão diferente dos 14,7 psi que normalmente experimentamos ao nível do mar .
Esse padrão de simetria circular é provavelmente formado na face interna do painel externo, onde a temperatura muito baixa combinada com a pressão normal do ar permite que o ar umedecido sofra os processos termodinâmicos de condensação e cristalização . O espaço circular próximo ao centro do padrão, onde não ocorreu formação de gelo, é devido ao pequeno fluxo de ar através do orifício de respiração. Um dos objetivos desse furo é equilibrar a pressão do ar entre a cabine e o ar entre os painéis durante o voo, para que qualquer tensão mecânica seja aplicada principalmente no painel externo . Além disso, o orifício evita o acúmulo de umidade entre os painéis da janela, controlando a neblina ou a geada que de outra forma se formariam na superfície da janela.
Graças a esse design, os passageiros com assento na janela podem observar maravilhas naturais, incluindo formações geológicas, nuvens, fenômenos ópticos atmosféricos etc., bem acima da superfície da Terra.
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Super Lua Crescente com Poluição Luminosa em Curitiba, Brasil
(publicado em 28/ago/2019)

Para os moradores de uma cidade, a beleza do céu noturno vem sendo estragada pela poluição luminosa, que consiste nas quantidades exageradas de fontes artificiais de luz no espaço externo. Além disso, essa luz artificial é responsável por impactos negativos na vida selvagem, bem como na saúde dos humanos.
No início de agosto, fotografei através de um pára-brisa uma fileira casual de luzes artificiais coloridas em Curitiba que pareciam competir com a Lua, imitando sua forma de foice. Na imagem, nada aparece no céu de fundo com exceção da Lua. A poluição luminosa em Curitiba está obstruindo as estrelas das constelações Leão e Virgem.
As fases da Lua resultam da sua vista em perspectiva relativamente ao Sol, que se pôs 3 horas antes da tomada da foto. A pequena diferença de elevação entre os dois "chifres" da Lua indica a baixa latitude do local. Deve ser ressaltado que o diâmetro aparente do disco lunar está ligeiramente maior que o usual porque o perigeu ocorreu apenas um dia antes da tomada.
O termo Super-Lua não tem uma definição astronômica precisa, mas se refere a uma Lua Cheia que aproximadamente coincide com o perigeu. Considerando que todos os meses a Lua atinge uma distância mínima da Terra em sua órbita elíptica, é razoável chamar minha observação de Super-Lua Nova. Foto tomada em 4 de agosto de 2019.
(NOTA DO TRADUTOR: Em inglês, as fases da Lua não se traduzem diretamente do português. O intervalo entre os dias da Nova e do Quarto Crescente, que aqui conhecemos como "Lua Nova", lá é conhecido como "Waxing Crescent Moon").
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Raios Crepusculares Espelhados, Bahia, Brasil
(publicado em 23/abr/2019)

A foto acima foi tomada na direção oeste, durante o crepúsculo civil vespertino na praia do Farol da Barra, Bahia, dois dias depois do equinócio de outono do Hemisfério Sul. Nuvens em torre próximas do horizonte oeste (por trás dos prédios ao fundo) projetam sombras azuis na atmosfera da Terra, que cruzam um céu mais brilhante e rosado. Os tons coloridos se devem ao espalhamento da luz solar por aerosóis. As faixas alternadas em cores claras e escuras são conhecidas como raios crepusculares. Notem que elas só parecem divergir devido a efeitos de perspectiva.
É maré baixa, e momentaneamente uma fina lâmina d'água se forma sobre a areia úmida. Isso proporciona uma reflexão quase especular, que dá ao observador uma vista espelhada dos padrões coloridos de céu, incluindo os rastros de luz da iluminação pública e do farol histórico do Forte de Santo Antonio da Barra – sua luz foi ligada poucos minutos antes da captura da imagem. Reparem também na inclinação dos reflexos, causada pelo caimento suave da praia.
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Que tamanho pode ter um Ovo?
(publicado em 6/mar/2019)

O ovo grande de avestruz na foto acima foi comprado de um mercado de pulgas, e a casquinha fina em primeiro plano caiu na última primavera de um ninho de beija-flor no meu jardim. Para comparação, juntei um ovo médio de galinha de uma quitanda. A diversidade de cores e tamanhos de ovos de aves inspirou naturalistas e pintores como J. J. Audubon (1785-1851) a representar com maestria os pássaros em seus habitats naturais.
Medindo as cascas quebradas, vemos que o diâmetro deste ovo de avestruz é 10 vezes maior que o do beija-flor, e ao mesmo tempo, 20 vezes mais grosso. A relação de dependência entre espessura e tamanho de uma casca de ovo envolve propriedades como porosidade, razão área/volume, e resistência mecânica. Na imagem, um pedaço ensolarado do ovo de avestruz quebrado evidencia sua considerável espessura.
Um ovo pode ser excepcionalmente pequeno, desde que sua casca frágil suporte o peso leve da ave que o choca e permita que o oxigênio seja difundido no seu interior. Mas uma mãe muito grande e pesada exigiria uma casca de ovo tão grossa, que ele não teria como ser suficientemente poroso para o embrião respirar. Por isso há um limite máximo para o tamanho de um ovo.
Ovos fósseis do extinto pássaro-elefante de Madagascar (Aepyornis) têm cerca do dobro do tamanho do meu ovo de avestruz - quase o limite de tamanho possível. Notem que ovos de dinossauro encontrados por paleontologistas nunca são gigantes como aparecem em muitas ilustrações ficcionais e livros de aventura, que se basearam no grande porte dos esqueletos de adultos. Foto tomada em 29 de janeiro de 2019 em Curitiba, Brasil.
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Observando a Lua dos Hemisférios Norte e Sul no mesmo Dia
(publicado em 22/nov/2018)

(selo "Viewer's Choice")
fotógrafos: Mario Freitas e Sandro Coletti
texto: Mario Freitas


Os instantes de tomada do par de fotos acima diferem por menos de uma hora, mas os locais estão separados por mais de 10 mil quilômetros. Durante o crepúsculo civil de 15 de julho de 2018, a mesma conjunção de Vênus com a Lua foi observada por astrônomos amadores em Copenhagen, Dinamarca, e em Curitiba, Brasil. Considerando que ambos os corpos celestes ficam próximos ao plano da Eclíptica, a forma arredondada da Terra faz com que a linha aparente conectando Venus à Lua nova apareça quase horizontal em Copenhagen, mas fortemente inclinada para cima em Curitiba.
Por sorte, nos dois lugares as condições meteorológicas estavam favoráveis para observar o céu -- os tempos de tomada, ambos em hora de Greenwich, foram 20:44 para Copenhagen e 21:26 para Curitiba. A simulação no Google Earth deixa claro como a inclinação do eixo da Terra permite que os crepúsculos das duas cidades aconteçam simultaneamente: Apesar da diferença de 60 graus em longitude e de 80 graus em latitude, a linha geodésica entre Copenhagen e Curitiba pode coincidir com o terminador solar. Na segunda foto, repare que aparece também o planeta Mercúrio (à esquerda e abaixo da Lua).
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Raios do Sol através de uma Pedra da Lua
(publicado em 11/jul/2018)

Pedras-da-lua são compostas por finas camadas alternadas de ortoclase e albite, dois feldspatos com índices de refração ligeiramente diferentes. Podem produzir um efeito visual encantador na presença da luz branca, chamado adularescência, que não é devido a pigmentos dos minerais, mas à interferência das ondas luminosas que emergem da estrutura estratificada interna.
Durante o período Art Nouveau, pedras-da-lua foram extensivamente usadas em joias como as realizadas pelo artista René Lalique. O nome popular data da Roma antiga, onde essas gemas eram associadas à deusa Diana, supondo que eram formadas pelo luar congelado.
Na foto acima, a luz solar da tarde ilumina uma pedra-da-lua polida. Um brilho azul irreal emana de dentro do corpo translúcido, e na página de livro que está por baixo, o esquema de uma Lua em fase com luz cinérea mostra a projeção de brilhantes cáusticas alaranjadas. O livro é uma edição brasileira do Mensageiro das Estrelas, o tratado que Galileu publicou em 1610 incluindo desenhos do próprio autor, baseados em suas observações de corpos celestes através de um telescópio. Foto tomada em Curitiba, Brasil, em 17 de maio de 2018.
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(29)
Terreno Baldio Colonizado em Curitiba, Brasil
(publicado em 19/jul/2017)

Foto e legenda: Mário Freitas
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Coroa de Nuvem sobre Curitiba, Brasil
(publicado em 24/nov/2016)

Foto e legenda: Mário Freitas
É mostrada acima uma corona de nuvem observada sobre Curitiba, Brasil. O ponto mais brilhante embaixo é uma pequena porção do disco solar, escondido atrás dos galhos de uma tipuana (Tipuana tipu). Flutuando na nossa atmosfera, numa nuvem filamentada altocumulus, uma multidão de gotículas d'água, esféricas e de tamanhos semelhantes, mostram os tons metálicos ou branco, dependendo da sua posição angular em relação ao Sol. Este fenômeno ótico é conhecido como iridescência e resulta da difração, um processo que acumula faixas de cor perto da fonte de luz (neste caso, o sol). Vê-se como as faixas sugerem a formação de uma corona de nuvem, que não deve ser confundida com a aura de plasma que circunda o próprio sol e que se torna visível durante a fase total de um eclipse solar. Reparem como as folhas compostas, pinadas, da tipuana contrastam contra o azul escuro do céu. Tenham sempre o máximo cuidado ao olhar para a região do céu nas vizinhanças do sol. rhood of the Sun. Foto tomada às 12:36 de 11 de novembro de 2016.
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(27)
Cores de Florestas Próximas e Distantes
(publicado em 09/out/2015)

Foto e legenda: Mário Freitas
A aparência azulada dos objetos distantes não se deve à sua verdadeira cor, mas sim ao efeito da luz solar espalhada pela camada de atmosfera entre o objeto e o observador. A influência da nossa atmosfera na paisagem foi estudada cuidadosamente no século XV por Leonardo da Vinci, que reproduziu importantes efeitos visuais na sua famosa pintura Virgem dos Rochedos. Da Vinci notou que quanto mais distante o objeto estiver dos olhos, mais perceptível fica a contribuição da atmosfera. Hoje em dia sabemos que, graças à natureza eletromagnética da luz visível, quem dá o tom cada vez mais azulado é o espalhamento Rayleigh nas moléculas do ar, fortemente dependente do comprimento de onda, enquanto o espalhamento Mie pelas partículas de poeira resulta em tons mais e mais esbranquiçados.
Na foto acima, timada de um passeio de barco Baía de Paranaguá, ilhas e montanhas exibem uma gradação de cores, de perto para longe, que vão desde o verde-oliva até o azul claro acinzentado, apesar de em suas respectivas superfíceis crescerem vegetações muito similares, todas pertencentes ao ecossistema da Mata Atlântica. Logo à esquerda do nó fora de foco, vemos o Pico Paraná, o ponto culminante da Região Sul do Brazil (1,877 m), que faz parte da Serra do Mar, datada do período geológico Terciário e composta de granito e gnaisse. Foto tomada em 1 de agosto de 2015.
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Sistemas de Tempo Astronômico e Atômico
(publicado em 04/ago/2015)

Foto e legenda: Mário Freitas
A foto acima mostra uma diferença sutil entre o tempo baseado na posição instantânea do Sol no céu e a hora padrão dos relógios. Repare no relógio solar desbotado, na parede da escola em primeiro plano, e no relógio ao fundo, no topo de um moderno centro comercial em Curitiba, Brasil. Esta diferença nas leituras acontece devido a um conjunto de razões, baseadas na Astronomia. Em primeiro lugar, durante sua órbita elíptica, a Terra fica mais veloz quando está próxima do Sol, e mais lenta quando dele se afasta; em segundo, nosso eixo de rotação está inclinado em relação ao plano orbital, e assim o movimento aparente do Sol ao longo da eclíptica tem um efeito variável quando visto a partir do equador. Entre outros fatores importantes, há também uma correção entre a longitude do local exato do relógio solar e a do centro do fuso horário. A diferença resultante oscila entre valores positivos e negativos durante o curso de um ano, atingindo um máximo que excede os 19 graus no início de novembro, e gera a figura em forma de “8” conhecida como analema. No final de junho, o relógio solar mostra-se poucos minutos atrasado em relação ao relógio padrão, pois neste trecho da órbita da Terra a diferença resulta bem pequena. Posto que a duração do dia sofre variações imprevisíveis de pequena ordem, a rotação da Terra não é mais considerada válida para medições do tempo com alta precisão. Em 1967, a XIII Conferência Geral de Pesos e Medidas adotou uma nova definição para a unidade de tempo, baseada na oscilação atômica do césio-133. Foto tomada em Curitiba, Brasil, em 30 de junho de 2015.
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(25)
Crescimento Oscilatório devido ao Gravitropismo Negativo
(publicado em 26/fev/2015)

Foto e legenda: Mário Freitas
Estímulos externos são essenciais no crescimento dos vegetais, tais como luz, gravidade, ou toque. Recentemente, deixamos que crescesse em nosso jardim uma espécie de planta selvagem. Estava com 2 metros de altura quando um vento forte a dobrou até cair no chão, mantendo-se nessa posição durante algumas semanas. Como resultado, os ramos horizontais alteraram sua direção de crescimento, mas sempre apontando para cima. Depois que reerguemos a planta na sua posição original, a direção de crescimento mudou novamente, voltando a ficar paralela ao caule. E assim, agora os galhos mostram uma elegante forma senoidal. Os pontos de inflexão em cada galho curvo indicam o dia em que erguemos a planta (detalhe à esquerda - a foto da direita mostra a planta inteira).
Raízes sofrem gravitropismo positivo, crescendo no sentido do centro da Terra. Mas caules e folhas fazem o oposto -- gravitropismo negativo. Os botânicos ainda não têm uma compreensão completa sobre como as plantas percebem a gravidade e respondem a ela. Uma das teorias melhor aceitas envolve o hormônio chamado auxina, que estimula o alongamento à medida que sua concentração aumenta nas faces inferiores das células do caule.
Repare também na Lua minguante, pequena e fracamente visível no canto direito de cima da segunda foto. Apesar de amplamente aceita pelas culturas populares como sendo importante no crescimento dos vegetais, a possível influência do ciclo de fases lunares na jardinagem bem sucedida ainda não foi verificada usando métodos de pesquisa científica. Fotos tomadas em Curitiba, Brasil na manhã de 15 de janeiro de 2015.
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(24)
Tempestade de Primavera transforma o Dia em Noite
(publicado em 2/nov/2014)

Foto e legenda: Mário Freitas
Em 30 de setembro de 2014 tivemos um temporal de primavera fantástico aqui em Curitiba, Brasil, particularmente na área residencial conhecida como Champagnat. Como aparece acima, a cidade foi engolida pela escuridão. O brilho metálico da paisagem urbana parecia uma cena de filme de ficção científica. Esta foto não traz realce digital algum, e corresponde quase exatamente ao campo visual observado. O Sol estava elevado de 7 graus acima do horizonte oeste apenas poucos minutosantes de eu tirar a foto, desta forma nossas pupilas estavam contraídas pela luz do dia. Mas o tempo se deteriorou rapidamente; o dia tornou-se noite, e ventos severos enfiaram-se pelas ruas de Curitiba, sucedendo a um brusco aumento da temperatura do ar, e então fomos esmurrados pelo granizo. Devido à posição geográfica de Curitiba sobre um planalto (900 m) próximo à Serra do Mar, as instabilidades do ar podem, eventualmente, trazer climas severos na primavera.
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(23)
Retroalimentação Negativa: Como voa uma Mosca
(publicado em 25/mai/2014)

Foto e legenda: Mário Freitas
Na universidade onde leciono Física em Curitiba, esta espécie não-identificada de mosca voava absolutamente estacionária, graças à segunda lei de Newton e suas aplicações na teoria do equilíbrio e de sistemas auto-reguláveis. Apesar de tais assuntos serem mais frequentemente discutidos nas engenharias eletrônica e mecânica, os mesmos princípios são claramente reconhecíveis em organismos vivos. Se a condição para que o centro de massa da mosca não sofra nenhuma aceleração for satisfeita, ela permanecerá estacionária em seu voo. Portanto, a a força resultante sobre ela deve ser nula. As forças principais aqui são a gravidade da Terra (para baixo), e o empuxo e a sustentação (para cima), ambas com origem na atmosfera -- a primeira devida ao volume de ar que é deslocado pelo corpo da mosca, e a segunda induzida pelo seu bater de asas. Uma brisa suave pode diminuir o equilíbrio das pressões e introduzir uma nova força. Em tal situação, a mosca controla sua posição aumentando ou reduzindo a frequência do bater de asas. Este é um exemplo de sistema que aplica a quantidade exata de correção para minimizar as mudanças, proporcionando a estabilidade geral.
Eu gostaria de poder ter feito uma segunda tomada da mosca com o flash da câmera, para melhor visualizar seus detalhes estruturais, mas ela subitamente disparou um mecanismo propulsor surpreendente, instantaneamente deslocando-se para uma nova posição estacionária, ainda ao alcance dos meus olhos, mas infelizmente longe demais para ser fotografada. Foto tirada em 11 de fevereiro de 2014.
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Cores do espalhamento e da Difração Observadas numa Nuvem Altocumulus
(publicado em 17/nov/2013)

Foto e legenda: Mário Freitas
Uma região de azul profundo no céu diurno indica que as condições atmosféricas locais estão livres (ou quase) de gotículas d'água e de aerossóis. Sua presença faz o céu parecer esbranquiçado. Os menores comprimentos de onda visíveis da luz solar são espalhados mais intensamente por moléculas como as de nitrogênio e oxigênio (espalhamento Rayleigh). Por outro lado, todos os comprimentos de onda visíveis são uniformemente espalhados por gotas d'água e poeira, devido ao maior tamanho destas partículas (espalhamento Mie), proporcionando o contraste entre um céu azul de fundo e nuvens brancas luminosas. Contudo, nem sempre as nuvens são brancas, fato que tem sido longamente retratado na história da arte por pintores que tentaram representar melhor aquilo que observam, adicionando azuis sombreados e tons de cinza a estas superfícies brancas, o que traz uma aparência mais realista, tridimensional. A fim de sugerir o por do sol e o crepúsculo, matizes róseos e amarelados também foram sendo incluídos.
A foto acima foi tomada no pátio do Museu Oscar Niemeyer em Curitiba, Brasil. Os filamentos ao longo da borda da nuvem do tipo altocumulus exibem cores metálicas, não-espectrais, que caracterizam o efeito óptico conhecido como iridescência. Tais cores resultam da difração da luz branca solar em gotículas d'água esféricas que tenham diâmetros semelhantes entre si, constituintes da nuvem. Repare que o Sol foi escondido por trás de uma obra de arte no jardim do museu, da artista brasileira E. Titton, que sugere uma árvore. Sempre tenha cautela ao olhar para a parte mais brilhante do céu, e tome cuidados extremos quando olhar na direção do próprio Sol. Foto tomada em 14 de julho de 2013.
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Duna de Areia com Um Quilômetro de Altura em Nazca, Peru
(publicado em 05/set/2013)

Foto e legenda: Mário Freitas
A cidade de Nazca atrai turistas do mundo inteiro, que esperam sobrevoar os antigos geoglifos conhecidos como Linhas de Nazca. Estas linhas foram desenhadas no solo do deserto por culturas precolombianas. Fundada no final do século 16, a cidade de Nazca foi recentemente reconstruída, Após sua completa destruição por um terremoto em 1996. Ao fundo da imagem acima, tomada ao por do sol na praça principal de Nazca, vemos o cume do Cerro Blanco, ainda brilhando em tons avermelhados devido aos raios rasantes da luz solar (fenômeno do alpenglow). Considerado como uma das dunas de areia mais altas do mundo, ergue-se 1.176 m acima da sua base. A assimetria das rampas da duna indica que aqui a direção do vento dominante vem de sudoeste - o Oceano Pacífico. Ainda que Nazca não esteja distante da costa, o clima desta região é excepcionalmente árido, e fortemente controlado pela corrente fria de Humboldt, o que limita a disponibilidade de umidade. A precipitação anual, de fato, raramente ultrapassa a marca de 25 mm. Foto tomada em 24 de julho de 2013.
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Vestígios da Deriva dos Continentes na Paisagem Carioca
(publicado em 16/jul/2013)

Foto e legenda: Mário Freitas
Mostramos acima uma perspectiva pouco usual do famoso monolito conhecido como Pão de Açúcar no Rio de aneiro, Brasil. É visto em primeiro plano, erguendo-se até 396m acima do nível do mar. O Pão de Acúcar é composto pela rocha metamórfica augen-gnaisse, e data da época em que foi formado o continente Gondwana (há 560 milhões de anos). Esta conhecida montanha e suas vizinhas persistem acima da paisagem erodida devido à sua alta dureza e resistência às intempéries. Note que o augen-gnaisse pode trincar facilmente ao longo dos planos de clivagem de seus minerais constituintes. Tais propriedades permitiu seu uso nos detalhes arquitetônicos da aioria de igrejas e palácios históricos da assim chamada "Cidade Maravilhosa".
Tirei esta foto poucos segundos depois de deixar o Aeroporto Santos Dumont no Rio. Além do Pão de Açúcar, podemos obswervar segmentos da mata atlântica, magníficas praias de areia como Copacabana (à esquerda) e o Corcovado, também composto por augen-gnaisse (à direita, ao fundo), e tendo em seu cume a maior escultura do mundo em estilo art-déco, o Cristo Redentor. Charles Darwin visitou o Rio de Janeiro e, 1832 e escreveu em seu diário Viagem de um Naturalista ao Redor do Mundo: "Nada pode ser mais arrebatador do que o efeito destas imensas massas de pedra nua erguendo-se acima da vegetação mais luxuriante." Foto tomada em 27 de maio de 2013.
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Imperfeições reveladas pela Luz Solar
(publicado em 10/abr/2013)

Foto e legenda: Mário Freitas
Em 1610, Galileu Galilei publicou seu Sidereus Nuncius, o primeiro tratado científico baseado em observações do céu por um telescópio. Uma das notáveis conclusões a que Galileu chegou foi que a Lua não é um corpo perfeitamente esférico. As muitas manchinhas que ele observou, que variavam com o ângulo de iluminação, ele interpretou como sombras: a Lua, quando ampliada, tinha muitas montanhas e vales. Assim, nosso satélite tem "imperfeições" similares às da Terra. Portanto, a Terra em si, assim como a Lua, poderia mover-se pelo espaço como um corpo celeste. Isto representou uma revolução arrebatadora no mundo aristotélico.
As duas fotos acima mostram uma analogia do fenômeno observado por Galileu. Durante uma comemoração na Casa Selvática (um centro cultural em Curitiba, Brasil), capturei a imagem da direita, do disco solar projetado numa parede por um pequeno furo (pinhole) no teto acima da escada. Os detalhes (à esquerda) revelam minúsculas "crateras" e "colinas", devidas à rugosidade da parede. A direção das sombras na parede vertical nos permite verificar a ditância zenital do sol de 28 graus calculada para a hora e a data da foto (13:55h, 3 de março de 2013) e o fuso horário e as coordenadas geográficas do local de observação (GMT -3; 25°26’44.32”S; 49°16’18.42”W). A subtração entre os azimutes do sol (336 graus) e o da parede (309 graus) fornece um ângulo de 27 graus, associado ao comprimento das sombras.
Analogias podem desempenhar um papel poderoso ao dar significação à aprendizagem de ciências.
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Sombras para Cima e para Baixo
(publicado em 10/jun/2012)

Foto e legenda: Mário Freitas
Caminhando entre as árvores no Parque São Lourenço, Curitiba, reparei no curioso efeito óptico representado acima. Uma imagem mostra minha sombra projetada no velho tronco de um pinheiro-do-Paraná (Araucaria angustifolia). Na outra, minha sombra se projeta no chão. A óptica geométrica explica a diferença: na foto da esquerda (sombra para cima), os raios solares responsáveis pela projeção refletiram na superfície do lago, ao passo que na da direita (sombra para baixo), não houve reflexão da luz. Note que eu desloquei meu corpo para a esquerda na foto da sombra para baixo, para permitir que a sombra direta se projetasse no chão. As tomadas foram feitas com três minutos de diferença, enquanto eu esperei que uma nuvem saísse da frente do Sol, que no momento estava elevado cerca de sete graus acima do horizonte. Um efeito similar a este pode ser visto quando arco-íris são formados pela reflexão da luz na superfície d’água, criando um arco refletido. Fotos tomadas em 2 de junho de 2012.
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Perspectiva da Lua desde os Hemisférios Sul e Norte
(publicado em 13/set/2011)

Foto: Mário Freitas / Legenda: Mário Freitas, Jim Foster
Como uma consequência do nosso planeta ter a forma de uma bola, observadores no Hemisfério Sul veem os corpos celestes e as constelações de cabeça para baixo, se comparados a como são vistos no Hemisfério Norte. As duas imagens acima, que retratam a Lua crescente erguendo-se acima do horizonte leste, foram tomadas com um intervalo de 28 horas, usando a mesma câmera, antes e depois de um voo internacional de Curitiba (Brasil) até Paris (França). Apesar de estar mostrando quase a mesma fase e a mesma elevação em ambas as fotos, o disco lunar parece ter capotado no céu. Isso é devido, naturalmente, à alteração do plano horizontal do observador. Repare na inclinação do terminador da Lua, com referência aos fios horizontais e árvores na primeira foto, e às chaminés verticais, na segunda.
As fases lunares são resultado das posições relativas da Lua, da Terra e do Sol, e não dependem do local da Terra desde o qual se observa. Mas a maneira como a Lua fica orientada no céu depende da latitude (e hemisfério) do observador. Entretanto, o tamanho aparente da Lua, independentemente da sua fase, é o mesmo quando visto de qualquer lugar da Terra. Fotos tomadas em 9 e 10 de julho de 2011.
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Fóssil de Folha no Cimento
(publicado em 10/mar/2011)

Foto e legenda: Mário Freitas
No ensino de ciências, as analogias desempenham um papel decisivo. Uma observação bastante simples pode permitir que os estudantes aprendam sobre processos naturais de uma forma mais direta, se a compreensão de tais processos envolver escalas de tempo bem mais curtas. Normalmente, traços restantes de partes de seres vivos são categorizados como fósseis apenas quando datam de uma época remota, como há 10.000 anos ou mais. A impressão de folha fotografada acima foi produzida, contudo, faz apenas alguns anos ou décadas. Neste caso, o que chamaríamos de registro fóssil, ao invés de sedimentos precipitados por meios naturais, foi uma camada de cimento Portland numa calçada construída pelo homem. Um pequeno ramo com duas folhas provavelmente soltou-se de sua árvore-mãe, e o vento o trouxe para cá enquanto a camada de cimento ainda estava fresca. Posteriormente, devido à exposição às intempéries, os tecidos vegetais da folha desapareceram. Uma observação: o padrão das nervuras sugere que as folhas pertenceram a uma goiabeira encontrada nas proximidades. O estudo dos fósseis pelos paleontologistas contribui grandemente para o conhecimento da vida pré-histórica na terra. Mas tenha atenção aos fósseis de mentira e aos vendedores ambulantes oferecendo falsificações. Foto tomada em Brasilia, Brasil, em 18 de Janeiro de 2011.
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Pica-pau de Magalhães
(publicado em 14/nov/2010)

Foto e legenda: Mário Freitas
A feliz observação registrada acima representa a silhueta da espécie mais austral do gênero Campephilus, mais popularmente conhecida como Pica-pau de Magalhães (Campephilus magellanicus). Conforme mostrado aqui, está descansando por um breve instante no alto de uma faia austral (gênero Nothofagus) no Parque Nacional Tierra del Fuego, perto de Ushuaia, Argentina. Este pássaro chamativo foi identificado pela primeira vez pelo explorador Fernão de Magalhães em 1520. Apesar de haver um decréscimo populacional progressivo desta espécie, ela atualmente não se encontra ameaçada de extinção. Os pica-paus de Magalhães habitam matas de Nothofagus já crescidas, alimentando-se de frutos, larvas e insetos, e também de pequenos vertebrados, tais como lagartos. Ter escutado aquele forte som percussivo no tronco, seguido por um grito nasal do tipo “kí-iúú” me fez imediatamente lembrar do texto que Charles Darwin escreveu quando visitou a Tierra del Fuego em 1832/33 “... e mais raramente, o estranho e intenso grito de um pica-pau negro, com uma bela crista vermelha na cabeça.” Foto tomada em 28 de dezembro de 2009.
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Eclipse Solar e Coroa vistos na Ilha de Páscoa
(publicado em 22/ago/2010)

Foto e legenda: Mário Freitas
A foto acima, mostrando uma espetacular coroa em torno do Sol eclipsado foi tomada em 11 de julho de 2010 na Ilha de Páscoa. Durante este inspirador eclipse total solar, o estreito caminho da sombra da Lua cruzando a superfície da Terra passou exatamente sobre a Ilha de Páscoa, um fragmento isolado de terra vulcânica no Oceano Pacífico Sul. A coroa é a atmosfera externa do Sol, apenas visível durante um eclipse, quando a Lua bloqueia a superfície ofuscante do Sol, conhecida como fotosfera. Na véspera deste eclipse, o Solar Dynamics Observatory registrou uma massiva ejeção de plasma aquecido, resultante de uma instabilidade do campo magnético do Sol, o que deve ter tornado nossa visualização da coroa ainda mais impressionante. Olhando de perto, pode-se detectar Mercúrio e Vênus (Vênus é o mais brilhante) à direita do Sol.
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(13)
Árvores-Bandeira e Nuvem Lenticular
(publicado em 10/mai/2010)

Foto e legenda: Mário Freitas
A direção do vento predominante em um ponto particular sobre a superfície da Terra é fortemente influenciada pelas células de circulação global na atmosfera, soprando para oeste nas latitudes baixas e altas, e para leste nas latitudes médias (de 35 até 65 graus). A foto acima ilustra dois efeitos distintos, causados por ventos soprando para sudeste numa península próximo ao Glaciar Grey na Patagônia Chilena (Parque Nacional Torres del Paine). A exposição contínua a ventos impetuosos vindos da mesma direção geral fez as árvores em primeiro plano se distorcerem, assumindo a forma de bandeiras tremulantes – galhos crescendo na direção oposta à do vento que sopra. Além disso, quando o ar é forçado a subir pelo relevo, por exemplo, na Cordilheira dos Andes, formam-se ocasionalmente nuvens que se parecem com amêndoas ou com lentes (Altocumulus lenticularis) em ondas atmosféricas a sotavento da elevação (“lee waves”). A impressionante nuvem lenticular no alto da imagem, que ficou praticamente estacionária em relação ao terreno abaixo dela, formou-se no ar que se movia vindo do mesmo quadrante que o das rajadas responsáveis pelas árvores-bandeira. Repare na [sutil] iridescência em suas bordas.
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Flor Brasileira da Paixão
(publicado em 2/abr/2010 - sexta feira santa!)

(selo "Viewer's Choice")

Foto e legenda: Mário Freitas
A flor acima, magnificamente colorida, é chamada “maracujá” na América do Sul. Também é simplesmente conhecida como “flor da paixão maypop” (Passiflora edulis). Seus frutos esverdeados são um tipo de baga que podem ser processados na forma de suco, e suas folhas são às vezes usadas no tratamento de ansiedade e insônia. Pisar no fruto maduro pode provocar um som forte de estouro, daí o nome “maypop”. Colonizadores espanhóis do século XVII instituíram que as partes da flor simbolizam o sofrimento de Cristo na cruz. Foto tomada em Curitiba, Brasil, em 7 de novembro de 2007.
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(11)
Cristais de Gelo Prismáticos e Piramidais sobre Curitiba, Brasil
(publicado em 5/jan/2010)

Foto e legenda: Mário Freitas
A foto acima mostra dois halos diferentes, formados numa fina camada de nuvens cirrostratus, acima de Curitiba, Brasil. O círculo externo é um halo de 22 graus ao passo que o interno tem um raio de 9 graus, ou aproximadamente a largura de um punho visto com o braço esticado. Nuvens do tipo cirrus são compostas de cristais de gelo ao invés de gotículas de água líquida. O halo mais prosaico de 22 graus (circunscrito) é produzido quando a luz solar interage com cristais de gelo prismáticos hexagonais (neste caso, em forma de lápis) que tem seu eixo maior orientado horizontalmente. O halo de 9 graus, mais raro, resulta da refração da luz solar através de cristais piramidais. Neste caso particular, ambos os tipos de cristal estão distribuídos uniformemente na nuvem cirrus, mas não igualmente alinhados; assim observa-se halos ao invés de arcos. Repare na borda interna avermelhada do halo de 22 graus. Aqui o Sol está escondido por um dos pináculos do edifício neogótico da Catedral de Curitiba. Foto tomada em 12 de agosto de 2008. A altura do Sol é 49 graus.
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(10)
Saudação Brasileira em Rastro de Condensação
(publicado em 8/jul/2009)

Foto: Mário Freitas / Legenda: Mário Freitas, Jim Foster
Rastros de condensação (“contrails”) são nuvens artificiais tipo cirrus, formadas quando a umidade do ar frio se condensa ligando-se a minúsculas partículas sólidas (aerossóis) que são liberadas na exaustão dos aviões a jato. Ainda que sejam delgadas e rarefeitas, estas trilhas podem aprisionar a radiação infravermelha emitida pela Terra. Aerossóis refletem a radiação solar, de pequeno comprimento de onda, numa taxa menor do que aquela em que absorvem as radiações de maior comprimento de onda. À parte o seu efeito no balanço de radiação do planeta, os rastros de condensação podem às vezes se mostrar muito atraentes à vista. Isto acontece, em particular, quando são produzidos propositalmente por pilotos habilidosos, capazes de controlar com destreza suas trajetórias no céu, desenhando figuras ou escrevendo letras e números. Na foto acima, tomada em Curitiba, Brasil, a estrutura denteada semelhante a pequenos cogumelos, ao longo da borda do rastro, resulta da turbulência atmosférica. Em português, “Oi” é equivalente à saudação “Hi” do inglês. Foto tomada em 24 de maio de 2009.
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(09)
Largura do Arco-Íris
(publicado em 16/mar/2009)

Foto e legenda: Mário Freitas
Esticando-se o braço, os dedos são instrumentos úteis para medir ângulos. O braço de um adulto mede ~60 cm. Nesta distância, qualquer objeto com o tamanho linear “D” em centímetros vai subtender um ângulo “A” em radianos A=D/60. Coincidentemente, converter este ângulo de radianos para graus exige sua multiplicação por (180/pi), que resulta ~60. Assim, é suficiente medir um objeto em centímetros para saber aproximadamente seu tamanho angular em graus. Na imagem acima, meu dedo indicador (com pouco menos de 2 cm) foi usado para determinar a largura de um arco-írios primário (2°). Para comparação, tanto o disco lunar quanto o solar medem 0,5 graus. Foto tirada em 6 de janeiro de 2008, em Curitiba, Brasil.
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(08)
Arco Circum-Zenital no Barigui
(publicado em 4/out/2008)

Foto e legenda: Mário Freitas
A foto acima mostra uma faixa de cores espectrais em forma de crescente, conhecida como arco circum-zenital, formada por bandas de nuvens cirrus. Foi tomada às 8:13h da manhã em 29 de abril de 2007, no Parque Barigui, reserva ecológica que fica a 3 km do centro de Curitiba (população perto de 2 milhões) no Sul do Brasil. Para que se possa ver arcos circum-zenitais, o Sol deve estar baixo no céu, tal que seus raios possam entrar pelo plano basal superior e sair através de uma face lateral. Estes arcos arrebatadores têm suas cores melhor definidas que as de um arco-íris.
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(07)
Refração, Reflexão e Espalhamento Vistos de uma Janela de Avião
(publicado em 4/mai/2008)

Foto e legenda: Mário Freitas
A foto acima, mostrando diferentes modalidades de interação entre a radiação eletromagnética e a matéria, foi tirada em 28 de julho de 2007, durante um voo de tarde sobre o nordeste brasileiro. Em primeiro plano e fora de foco, cristais de gelo hexagonais formados na janela do avião produzem algumas faixas e manchas coloridas, devidas à decomposição da luz branca do Sol por refração. Este é o mesmo princípio responsável pelos halos atmosféricos. À distância, nuvens do tipo cumulus congestus em baixa altitude, compostas de gotículas de água líquida relativamente grandes, permitem que todos os comprimentos de onda visíveis da luz solar sejam espalhados (espalhamento Mie). Assim, nuvens cumulus são mais brilhantes que outras, compostas por gotículas d’água menores. Repare também no brilho solar na superfície do Rio São Francisco encrespada pelo vento. As pequenas ondas agem como uma multidão de espelhos aleatoriamente orientados, criando múltiplas imagens refletidas do disco solar.
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(06)
Vale de Ihlara, Turquia
(publicado em 18/out/2007)

Foto e legenda: Mário Freitas
Ao longo dos éons (bilhões de anos), o Rio Melendiz na Turquia contribuiu para a formação do pitoresco Vale de Ihlara. Lava de andesito e de basalto, assim como sedimentos de tufa, depositados por erupções sucessivas dos vulcões atualmente extintos Erciyes e Hasan (na região da Turquia chamada Capadócia), foram erodidos formando cânions e gargantas íngremes. Nesta foto, as extensas e sinuosas carreiras de álamos fornecem um agradável contraste com as paredes avermelhadas do cânion.
O Vale de Ihlara foi um abrigo para cristãos perseguidos pelos romanos. Uma caminhada pelos longos 15 km do vale revela cerca de 4000 habitações e 100 pequenas igrejas escavadas na pedra, muitas delas datadas dos tempos bizantinos. Foto tomada em 26 de março de 2006.
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(05)
Arcos Anti-Solares Difusos
(publicado em 19/set/2007)

Foto e legenda: Mário Freitas
Ocasionalmente, quando um avião sobrevoa nuvens altas contendo cristais de gelo, podem ser vistos arcos e halos raros de se observar. A foto acima foi tomada quando a altura do Sol era de 27 graus, durante um voo matinal desde São Paulo, Brasil, em 28 de janeiro de 2007. A linha reta horizontal relativamente escura é simplesmente a sombra do rastro de condensação da aeronave, projetada na cobertura de nuvens. Ela nasce em uma mancha branca particularmente brilhante no ponto anti-solar (direção no céu oposta à do Sol). Esta mancha resulta de um complexo de reflexões e refrações da luz solar através de uma multidão de cristais de gelo. Com um certo esforço, podem ser vistas duas curvas em diagonal, que se cruzam na mancha brilhante. São conhecidas como arcos anti-solares difusos, e também se formam em cristais de gelo.
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(04)
Céu Avermelhado Refletido em Terraços de Travertino
(publicado em 9/ago/2007)

Foto e legenda: Mário Freitas
A paisagem e o céu vermelho mostrados acima foram flagrados em Pamukkale, Turquia, em 20 de março de 2006. Na baixa atmosfera, poeira e aerossóis espalham seletivamente a luz solar, deixando passar só os maiores comprimentos de onda. O céu cheio de cores está refletido em tanques termais formados por sedimentação em uma cascata de terraços de travertino que, sob a luz plena do dia, costumam aparecer num branco espetacular. Pamukkale está incluído na lista de Patrimônio Mundial da UNESCO. Veja também a Imagem de Ciências da Terra do Dia de 18 de maio de 2007.
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(03)
Halo Circunscrito em São Luís
(publicado em 19/jul/2007)

Foto e legenda: Mário Freitas
Nuvens altas como cirrustratus podem ser compostas por cristais de gelo flutuantes, mesmo nas vizinhanças do Equador e ao nível do mar. Quando um feixe branco do Sol atinge essas nuvens e penetra em cristais de gelo hexagonais, a luz é decomposta por refração, fornecendo a possibilidade de observar diversos padrões de halos. Na foto acima, a forma elíptica do halo de 22 graus indica que ele é circunscrito. Halos assim são caracterizados por envolver cristais colunares mais uniformemente orientados do que no caso do halo de 22 graus (seu eixo “c” é horizontal, mas os eixos “a” e “b” são orientados aleatoriamente). O disco solar está escondido por trás de uma fachada de azulejos no centro histórico de São Luís, no nordeste brasileiro. O local está incluído na lista do Patrimônio Mundial da UNESCO. Foto tomada em 28 de janeiro de 2007.
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(02)
Iridescência e Corona sobre Curitiba, Brasil
(publicado em 20/jun/2007)

Foto e legenda: Mário Freitas
Gotículas d’água em nuvens do tipo altocumulus podem interagir com a luz branca solar, revelando sua natureza ondulatória. Cada gotícula se comporta como se fosse uma fenda circular num obstáculo opaco. Quando as gotas não têm um tamanho uniforme, todos os comprimentos de onda difratados se sobrepõem, e para um observador na superfície da Terra, as nuvens aparecem em branco ou cinza-claro. Contudo, se o céu em torno do Sol estiver povoado por gotículas de diâmetros uniformes, podem ser observados matizes metálicos, como os exibidos nas nuvens iridescentes e na corona retratados acima. Recomenda-se cuidado ao observar ou fotografar a porção mais brilhante do céu próxima do disco solar. Na foto acima, tomada em Curitiba, Brasil (em 3 de dezembro de 2006), o que serviu de proteção contra o Sol foi um canto do edifício residencial chamado “Nossa Senhora Aparecida”, a santa padroeira oficial do país.
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(01)
Canal Natural entre Ruínas de Mármore em Hierapolis, Turquia
(publicado em 18/mai/2007)

Foto e legenda: Mário Freitas
A região na Ásia Menor que leva o nome grego de Hierapolis (Cidade Sagrada) mostra tal profusão de aspectos geológicos como linhas de falha, águas termais e gases venenosos, que as civilizações antigas acreditavam que neste local havia uma entrada para um mítico mundo subterrâneo. Blocos esparsos de mármore, remanescentes de monumentos magníficos que foram postos abaixo por sucessivos terremotos, contrastam fortemente com uma formação sinuosa petrificada que parece brotar das colinas cobertas de relva (claramente visível em primeiro plano). Este canal foi esculpido pela Natureza mediante a deposição secular de sedimentos de carbonato de cálcio. O sítio arqueológico é conhecido mundialmente pelos arrebatadores terraços de travertino, e atualmente é denominado Pamukkale (Castelo de Algodão no idioma turco); está incluído desde 1988 na lista do Patrimônio Mundial da UNESCO. Veja também a Imagem de Ciências da Terra do Dia de 24 de janeiro de 2004.
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Postagem publicada pela versão facebook do EPOD em 11 de julho de 2018, mencionando as 30 publicações de Mário Sérgio Freitas ao site da USRA/NASA:

(tradução: "O colaborador de longo tempo da página EPOD Mario Freitas compilou uma lista das suas contribuições ao longo dos anos, que oferece um bom olhar sobre o trabalho de um dos nossos regulares. Aqui vocês podem encontrar a lista completa, com as imagens e links individuais para cada EPOD.
A imagem é da edição EPOD de Mário "Flor Brasileira da Paixão", de 2 de abril de 2010.
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